Ao rápido e suave aperto de mão, segue-se uma ligeira vénia enquanto a mão que apertámos viaja com singeleza até ao peito da pessoa que estamos a cumprimentar. Todo o gesto é feito com simplicidade e, simultaneamente, um toque elegante de uma certa teatralidade plena de simpatia. É desta forma que o timorense cumprimenta o maun ou a mana. A mão vai ao peito como que dizendo que a pessoa está no coração do outro. É desta forma que nos têm cumprimentado a nós também. Mas as atitudes de simpatia estendem-se muito para lá do cumprimento: sentimos que somos mesmo acarinhados pelas pessoas com quem temos tido mais proximidade.
Suspeito que o povo timorense é um povo de coração grande: no coração do timorense há espaço para todos os que vêm por bem!
Eis outro sinal de que o coração deste povo é grande: impressiona testemunhar a cooperação e a boa relação que existe hoje entre timorenses e indonésios. Não sei se noutras esferas (na esfera política, por exemplo) a situação é idêntica, mas ao nível do quotidiano não se sente qualquer amargura causada pelo passado. Os indonésios que aqui trabalham, lado a lado com os timorenses, são tratados como iguais, como amigos.
A história do século XX trouxe-nos muitos conflitos insanáveis entre países, povos e etnias cuja resolução e reconciliação se têm demonstrado muito complexas e lentas. Neste sentido, os povos do mundo têm algo a aprender com o exemplo timorense. É mesmo um povo de coração grande. Acredito que em todos os povos, em todas as culturas, em todas as histórias há reflexos do carácter de Deus, há expressões do plano divino que consiste na reconciliação de todas as coisas. No povo timorense esse reflexo parece-me ser muito visível e muito bonito.
"Somos semelhantes a animais quando matamos;
somos semelhantes a homens quando julgamos
Somos semelhantes a Deus quando perdoamos."
(autor desconhecido)
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