terça-feira, 14 de outubro de 2014

A capital

Na marginal de Dili, onde moram os embaixadores e os melhores restaurantes da cidade, olhamos para sul e os olhos batem nas montanhas imponentes que vigiam sobre a cidade. Ficamos então com a impressão que a cidade é pequena, apertada pelo mar e os coqueiros de um lado e pela montanha do outro. Trata-se, no entanto, de uma ilusão. 

Já tivemos oportunidade de fazer alguns tours pela cidade. De carro com os amigos brasileiros, de jipe e carrinha com o Asato, motorista alegre e simpático da Fundação ou de mota com os amigos portugueses. Esses passeios revelaram ruas, ruelas e becos intermináveis. As montanhas parecem então recuar para dar espaço a mais um bairro, mais um suku, mais um emaranhado de caminhos nos quais seria fácil ficarmos perdidos se por ali andássemos sozinhos. 

As construções são heterogéneas, mas são térreas, à excepção do novíssimo Ministério das Finanças - um prédio alto, moderno, envidraçado que muito destoa na paisagem. Há ruas asfaltadas e outras de terra batida. Há moradias de boa construção, sobretudo na zona central da cidade, e há também casas mais modestas, casas pobres, barracas. Há lojas de conveniência por todo o lado: para comprar uma bebida ou um lenço de papel caso o nariz comece a sangrar com o calor! Há também supermercados grandes, onde podemos encontrar praticamente tudo (leite e iogurtes são raridades e, por vezes, os preços são proibitivos).

O trânsito é caótico: jipes e motas ziguezagueam pelas estradas em movimentos aparentemente aleatórios. Mas no fim todos chegam milagrosamente ao destino. É de espantar que o número de acidentes não seja superior, mas talvez lhes esteja nos genes a aptidão para este tipo de condução, o tipo asiático (na Indonésia pareceu-nos semelhante). Um concurso que os estrangeiros podem levar a cabo por aqui é ver quem consegue detectar a mota com o maior número de passageiros: por esta altura os nossos olhos já se habituaram à imagem de pai, mãe e duas crianças a viajar na mesma mota.

O calor é omnipresente. Um calor seco, muito intenso por volta da hora de almoço, comparável aos dias mais quentes de todos os dias quentes que Lisboa conhece (este ano não tanto!). Por agora o sol também é omnipresente.

Durante o dia a cidade vibra, cheia de vida, mas simultaneamente transpira e boceja, por conta do calor. Dili é, para nós, um mundo novo. Um mundo que nos desconcerta numa ruela e nos encanta no cruzamento seguinte. 

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