sábado, 1 de novembro de 2014

Voltámos a Atelari

Ate significa árvore e lari significa montanha, no dialecto macassae. O nome diz tudo: Atelari é uma aldeia no meio das montanhas onde há muitas árvores.
Este fim-de-semana é dia de visitar as famílias e os cemitérios. Em Timor é feriado no dia 1 e no dia 2. A época é tão importante, que segunda-feira há tolerância e toda a gente vai para os distritos. Fomos, então, convidados a voltar à aldeia para mais uma celebração.

Creio que não estou a exagerar se disser que Atelari é um dos locais mais remotos do Planeta. Devem haver muitos, é certo. Mas havendo uma lista, Atelari constaria.
Pelo caminho, antes de nos fazermos ao interior, passámos por várias praias bonitas e convidativas. Perto de uma dessas praias estava um senhor a vender peixe. Parámos para comprar. Como já não havia espaço no carro e... bom, o peixe cheira mal, arranjou-se uma solução rápida e eficaz!


Mais uns quilómetros, mais umas compras. Aqui podem comprar-se frutas, legumes e tubérculos.


E quanto tempo é até Atelari? Cinco divertidas horas. Chegámos já noite.


Em Atelari há muitos sítios onde o carro não vai e as pessoas vivem muito dispersas. Como íamos jantar a casa de outro familiar dos nossos amigos, fizemo-nos à estrada, com a lua por companheira, e umas pequenas lanternas por amigas.
Pelo caminho ía ouvindo estalidos e barulhinhos porque, como diz o amigo Nata, "estávamos no mato!". Havia duas opções. Ou ficava com medo e apontava a lanterna para todo o lado para tentar perceber o que tinha sido o barulho, ou ignorava e definia que só seria potencialmente um problema se visse alguma coisa ou se alguma coisa me tocasse. Potencialmente! Porque bichos, no mato, é normal, certo? Vinte minutos depois, chegámos.


Esta é uma casa tradicional de Timor e provavelmente uma das imagens mais conhecidas do país. As casas são construídas "no ar" para evitar animais como ratos e cobras.
Aqui jantámos e passámos parte de um serão agradável. Quando o cansaço foi mais forte, fizemos o caminho de regresso, e dormimos. De manhã, a visão das montanhas é muito diferente.


Voltámos ao sítio onde jantámos no dia anterior para almoçar. Desta vez, nada de barulhinhos pelo caminho.


E assim foi o almoço. Apresento-vos o tukir! São utilizadas canas de bambu verde para fazer arroz e carne, por exemplo. Os alimentos são colocados lá dentro sem água, apenas com um pouco de sal. Como o bambu está verde, não arde e liberta água, que vai cozinhar e temperar a comida. O sabor, é claro, é muito diferente da panela. Muito saboroso!



A seguir ao almoço o calor aperta, e há quem se aventure em águas doces. Com roupa e tudo, que seca rápido a seguir!


Depois de um breve descanso, voltámos para Díli.
E que mais lugares terá Timor para nos mostrar?

1 comentário:

Unknown disse...

Dra.Debora, muito obrigado pela linda historia....olha, proxima viagem vai ser Montanha de Ramelau,,,,,Preparem-se :D