Assim testemunha o sr. M que é meu colega por estes dias.
Sinto-me profundamente impressionado e comovido. As lágrimas assomam. Porque este senhor sofreu algo que nenhum ser humano devia sofrer. Mesmo assim, o sr. M, já grisalho mas com um ar de ingenuidade quase infantil, sorri sempre. Um sorriso franco e leve. Conheceu os efeitos mais perversos da crueldade humana. Mas o sorriso que hoje exibe irradia esperança. A esperança de que a crueldade, por muito densa e enraizada que seja, será sempre reversível.
Lembro-me então da canção natalícia que, a propósito do cântico dos anjos a anunciar Paz na Terra, atira um pensamento perturbador:
"Não há Paz na Terra,
porque o ódio é forte
e faz troça do cântico."
Mas... os sinos tocam (que é como quem diz: 'o sr. M sorri') e volta a ecoar a promessa:
"Deus não está morto, nem está a dormir,
O mal há-de falhar
O bem há-de prevalecer,
Com Paz na Terra, boa-vontade para com os homens."
Em Timor-Leste há pessoas que, sem consciência disso, fazem teologia com sorrisos.
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