Quando lemos livros de História acerca de Timor, é natural que grande parte das letras sejam gastas a falar de conflitos. Os liurais e os generais portugueses, a Segunda Guerra Mundial e os bombardeamentos japoneses e australianos, a invasão indonésia e as lutas nas montanhas. E tudo se reduz a números: datas e mortos.
A História e as histórias mudam um pouco, no entanto, quando contadas na primeira pessoa. É diferente ouvir sobre os conflitos nas montanhas com um copo de vinho, numa noite fresca, numa varanda com vista para o mar. Ou ouvir de rituais antigos durante um ritual na noite estrelada e escura da floresta. Ou da invasão, a caminho de uma nova aventura no Ramelau. As histórias ganham outra forma. Já não são só números.
"Termos sobrevivido naquele dia foi um milagre, mesmo. Só pode ter sido!"
Ou quando, no meio da história, falam sobre a trivialidade da vida em tempo de guerra. Até piadas contam. Ou quando explicam o que sentiram.
"Houve um dia em que estávamos todos de joelhos com armas apontadas à cabeça. Lembro-me bem, mas não me lembro de sentir pânico. Tudo acontecia... em slow motion. Não parecia real!"
E termina:
"Mas, enfim... são experiências! Não digo más experiências. Experiências. É só."
A guerra contada na primeira pessoa não são só números. São sorrisos descontraídos de quem passou por coisas inimagináveis mas fala delas mostrando toda a resiliência que o Ser Humano carrega em si.
São vidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário